sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dobra número de alunos a distância

A cada semestre, o número de alunos procurando cursos não presenciais aumenta. Goiás conta hoje com 199 polos de apoio ao ensino a distância e 34 estão concentrados em Goiânia, segundo dados da Secretaria de Educação à Distância (Sede do Ministério da Educação). No levantamento do Censo EAD (Ensino a Distância) de 2009, o MEC divulgou uma estimativa do crescimento em 2008 e constatou que havia cerca de 760.599 alunos e 415 instituições de ensino superior, um crescimento de 90% a 100% no ano.

A coordenadora dos Cursos a Distância da Universidade Paulista do Setor Bueno, Cleide Coelho Martins, de 28 anos, conta que o número de alunos nesses cursos, no último semestre, aumentou 35%. “Desde que lançamos esta opção, em 2007, a procura tem aumentado e é grande”. Ela revela que as pessoas procuram esta opção por falta de tempo para ir à faculdade e tem acima de 28 anos. “Tem gente que trabalha com viagem, ou o dia todo e tem outras atividades à noite, e acaba que esta se torna a melhor opção para não ficar parado diante do mercado.”

Outro motivo que tem feito com que a procura por este ensino aumente é que os cursos são mais baratos, aponta Cleide. “Como tem só um professor, que grava cada disciplina para todos que fazem o curso, tanto no Brasil como exterior, pois temos estudantes no Japão, é mais barato.”

Na Universidade Federal de Goiás, que iniciou oficialmente suas atividades com educação a distância em 2000 com a criação do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação a Distância, a procura pelos cursos também tem aumentado.

Segundo a professora do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás (IFG), Gilda Aquino de Araújo Mendonça, 55, a universidade iniciou este ensino com o curso de Administração, como projeto piloto, e a demanda foi tão boa, que tiveram que ampliar o sistema. “Com o crescimento da demanda, começamos a disponibilizar os cursos de graduação em Artes Visuais, Física, Ciências Biológicas, Educação Física e Artes Cênicas e os de pós-graduação em Metodologia do Ensino Fundamental, Gestão escolar e Tecnologias Aplicadas ao Ensino da Biologia".


Textos são principais fontes

A professora Gilda explica que na educação a distância o aprendizado se dá de uma maneira um pouco diferenciada pelas características desse tipo de ensino onde os textos e os livros são grandes fontes de conhecimento, porém, o aluno precisa assimilar informações muitas vezes sozinhos, apesar de ter o professor/tutor disponível para eventuais dúvidas.

“Na educação a distância se percebe que se diferenciam muito do ensino presencial, pois podem até possuir o mesmo objetivo que é a transmissão e construção de conhecimento, mas divergem bastante uma da outra na forma de se passar esse conhecimento. Enquanto o ensino presencial preocupa-se com o unitário, a Educação a Distância trabalha com o ensino em massa”.

Com a educação a distância o treinamento pode ser mais flexível. Enquanto você estiver na frente do seu computador poderá estar na sala de aula, no momento em que desejar. Motivado pela opção de escolher o horário de estudo, Flávio Braga, 28, empresário, começou a fazer o curso a distância de gestão em marketing, no ano passado e vai se formar no fim deste ano. “Escolhi fazer o curso por satélite por conveniência. Tenho a vantagem de organizar meu dia, estudar e ainda exercer outras atividades.”

Esta é a primeira vez que Flávio estuda a distância e, segundo ele, a metodologia é democrática e pode alavancar a educação. “Pessoas em qualquer lugar do mundo podem estudar. Se o curso não tiver na cidade em que mora, pode fazer a distância e ter a mesma oportunidade que outras pessoas, o que é muito bom”. Ele afirma que está gostando do curso e que se tiver oportunidade, fará outro.

Mesmo gostando da tecnologia, o estudante observa que o ensino tem algumas desvantagens, pois é limitado. “Mesmo tendo contato com os professores por email, não é a mesma coisa que pessoalmente”, afirma ele, que acredita que o aprendizado depende do aluno. “Se ele está focado a aprender, ele vai aprender, não adianta está numa sala de aula, e ficar desatento.”


Desistência de até 30%

Para quem precisa ficar em casa, seja para cuidar de crianças, pessoas enfermas ou de idade avançada, e não pode se deslocar, esta também é uma ótima opção. Assim, em vez dessas pessoas “irem” até a escola, a escola vai até elas.

Outros beneficiados, segundo a Abed, são pessoas que trabalham para sua sustentação e não podem frequentar aulas presenciais em horários tradicionais assim, fazendo um curso a distância via internet, eles podem participar, assincronicamente, de todas as atividades com todos os outros inscritos no curso, nos dias e horários mais convenientes.

Gilda destaca que a margem de desistência neste método é de 20 a 30%, mas depende muito do curso. Atentos a esta questão, ela revela que “os orientadores e tutores estão atentos a esta evasão, enviando mensagens de estímulo e motivação.”

COMO ESCOLHER

Na hora de escolher qual curso e onde fazer é preciso ficar atento a algumas questões para não ser prejudicado. A coordenadora dos Cursos à Distância da Universidade Paulista do Setor Bueno aconselha a observar a estrutura da faculdade, ver se é uma instituição séria e procurar no site do MEC se o curso é reconhecido e tem turmas formadas.

Segundo a Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação, a escolha do curso a distância deve ser feita da mesma maneira que a escolha de um curso presencial observando aidoneidade e reputação da entidade, bem como dos coordenadores e professores do curso. Também é indicado conversar com pessoas que já estudaram ou estão estudando na unidade. Para o caso de cursos que conferem titulação, solicite cópia ou referência do instrumento legal (credenciamento e autorização do MEC ou do Conselho Estadual de Educação) no qual se baseia sua regularidade.


Opção para moradores distantes

Para o presidente da Associação Brasileira de Ensino à Distância (ABED), Frederic Litto, este sistema reúne diversas vantagens. A primeira está na possibilidade de incluir em todas as formas de educação formal e informal as pessoas com deficiências físicas e mentais que não tem como frequentar instituições convencionais de aprendizagem. Também, pessoas que moram em lugares isolados, afastados dos locais onde é possível obter novos conhecimentos e habilidades. No Censo do MEC, as insituições indicaram uma média de 42% de alunos de cursos à distância fora do estado sede, estudando em polos educacionais.


Por: Flávia Moreno

Fonte: http://www.ohoje.com.br/cidades/11-04-2010-dobra-numero-de-alunos-a-distancia/

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ensino a distância atrai 1 em cada 5 estudantes

Estudo confirma tendência de crescimento da metodologia em que aulas são dadas em parte na internet.



Dados do Ministério da Educação mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no País ingressam em um curso a distância. Ou seja: cerca de 20% dos universitários já estudam entre aulas na internet e em pólos presenciais. Os números indicam um rápido avanço da modalidade, ainda pouco conhecida da maioria da população.


O grande impulso para o crescimento do modelo semi-presencial – apesar do nome, aulas totalmente a distância são proibidas pela legislação – foi dado pelo próprio governo, com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005. A instituição tem 180 mil vagas em cursos superiores oferecidos em parceria com universidades federais.


No mês passado, a Universidade de São Paulo (USP), que até então resistia em adotar o modelo, lançou junto com o governo do Estado seu primeiro curso a distância, uma licenciatura em Ciências voltada também para formação de professores. A primeira turma a distância da Universidade Estadual Paulista (Unesp) começou suas aulas neste semestre.


“Os estudantes são atraídos pela versatilidade, modularidade e capacidade de inclusão que a metodologia oferece”, afirma o pesquisador Fábio Sanchez, autor do levantamento e um dos coordenadores do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. Por outro lado, a modalidade exige autonomia do estudante, porque as aulas são construídas por meio de tecnologias como fóruns de discussão, videoconferências e chats pela internet.


Algumas avaliações também podem ser feitas online, mas as provas devem ser presenciais, assim como parte do conteúdo das aulas e atendimentos com os professores. “A tendência é que a educação presencial e EAD se misturem cada vez mais no futuro”, afirma Sanchez.


Por enquanto, o modelo a distância tem mantido taxas altas de crescimento (50% ao ano, em média), enquanto o avanço da graduação presencial tende a se estabilizar (3,5% em 2008). Além da presença forte no setor público, diversas universidades e faculdades privadas adotaram nos últimos anos o modelo a distância, tanto na graduação quanto na pós.


“A graduação EAD vai crescer cada vez mais porque o presencial não consegue atender todo mundo”, explica Marta Maia, professora da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e membro do conselho científico da Associação Brasileira de Ensino a Distância. “A modalidade atrai pessoas que trabalham para sustentar a família, têm mais de 30 anos ou que moram em cidades onde não há universidades. E no Brasil há muita gente com esse perfil.”


Desempenho. Na avaliação do o secretário de Educação a Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, o Brasil ainda passa por um processo de aceitação e conhecimento do que é a modalidade. “A EAD é um fenômeno mundial e aqui no Brasil ainda demorou para se estabelecer.” Ele cita o resultado das avaliações do ensino superior conduzidas pelo ministério que mostram desempenho semelhante e em alguns casos superior dos estudantes de EAD em relação ao alunos de cursos presenciais.


Mesmo assim, há resistência de gestores que organizam concursos públicos e conselhos de classe. Em fevereiro, a Justiça Federal suspendeu uma resolução do Conselho Federal de Biologia que proibia a concessão de registro profissional para alunos formados a distância